Hanseníase ou Mal de Hansen ou lepra/leprosy
A hanseníase, transmitida por uma micobactéria descoberta pelo
norueguês Armauer Hansen, em 1872, antigamente chamada lepra, é
hoje uma doença de diagnóstico simples, em unidades
basicas de saúde, e tem cura. Quando o diagnóstico
é precoce, na fase inicial da doença, o
tratamento é mais rapido e a cura sem sequelas.
Fatores históricos relacionados à entrada da doença no
Brasil por imigrantes europeus e africanos, retardo na
implantaçao de políticas de controle,
ocupaçao desordenada do território brasileiro pela
migraçao interna e manutençao de iniquidades
sociais explicam a situaçao endêmica e até
hiperendêmica atual. Por conseguinte, todos os estados
brasileiros diagnosticam casos dessa doença, que é mais frequente
nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Felizmente
vislumbra-se tendência de queda lenta da endemia no Brasil.
A transmissao da hanseníase ocorre de pessoa
doente a pessoa sadia, pela respiraçao. A maioria das
pessoas infectadas reage e mata o bacilo, portanto nao adoecem,
razao pela qual nao temos uma epidemia. Nas
pessoas que nao oferecem resistência ao bacilo causador da
doença ele vai se multiplicar por um defeito de sua respostadefensiva
(imunidade celular), mas nem todas elas desenvolvem formas contagiosas da
doença. O diagnóstico e o tratamento da hanseníase
no início dos sintomas interrompem a cadeia de transmissao. Quanto
maior a circulaçao de bacilos, mais chances de adoecer. De acordo com a capacidade de responder ao bacilo de Hansen e
também de acordo com o momento em que se faz o diagnóstico, a
pessoa podera apresentar diferentes tipos da doença.
Para facilitar o diagnóstico e o
tratamento essas apresentações diversas da doença
sao divididas em dois grandes grupo:
Grupo de formas paucibacilares (PB), ou seja apresentam raríssimos
bacilos, em geral nao perceptíveis nos exames laboratoriais e
nao sao consideradas contagiosas. Destaca-se a
apresentaçao inicial da doença, em geral uma mancha
esbranquiçada ou area da pele com
alteraçao da sensibilidade ao calor e à dor (meio dormente
ou com sensações de formigamento), mas de início pode ser
assintomatica. Pode também ocorrer queda de pelos e secura da pele (nao sua no local). Essa mancha pode permanecer durante anos e evoluir para as formas mais graves. O
diagnóstico nessa fase impede essa evoluçao.
Os casos multibacilares (MB) constituem as formas mais graves e disseminadas da
doença, ocorrendo em pessoas que permitem a multiplicaçao
de muitos bacilos. Assim podeafetar pele, nervos,
olhos, articulações, ganglios, causar rinite, etc. Nesse
caso, a doença pode ser sistêmica e se apresentar com sintomas
gerais, com reações graves do organismo: ínguas,
inchaços, febre, dores nas juntas, caroços no corpo, etc.
Em todas as formas ha o acometimento dos nervos periféricos,
principalmente de face, braços e pernas, que pode levar a deformidades
físicas. Assim, as manifestações clínicas podem ser
discretas, apenas na pele, ou apenas nos nervos
periféricos, ou em ambos e até acometer todo o organismo.
O diagnóstico da hanseníase é feito pelo exame
clínico, da pele e nervos. Poucos
pacientes vao de fato exigir exames mais complexos. Estes servem
para confirmar e ajudar na classificaçao
em PB e MB.
O teste da sensibilidade ao calor (quente ou frio?),
à dor (sente dor?) e ao tato (sente o toque na pele?) é o mais
simples e pode diagnosticar a maioria dos casos. Nenhuma outra doença
leva à dormência típica da hanseníase, na pele.
O exame dos nervos da face (olhos), braços (cotovelo, maos,
dedos) e pernas (joelho, tornozelo, dedos) é fundamental. Na
doença estes podem doer, ficar engrossados e
acarretar formigamentos e dormência nas areas onde passam. No
diagnóstico tardio se observam atrofias e perda da força muscular
de maos, pés, dedos.
Os exames de esfregaçosde pele e
biópsias de pele e de nervos confirmam a doença e ajudam no
diagnóstico diferencial, especialmente nos casos mais avançados. Eletromiografia de nervos periféricos também pode
ajudar a diferenciar de outras neuropatias.
O Tratamento da hanseníase varia de 6 meses nos casos diagnosticados
precocemente a 12 ou até 24 meses nos casos mais avançados. Em
alguns casos ocorrem reações do organismo humano a restos de
bacilos, que podem perdurar após a alta do
tratamento específico da doença.
Alguns casos podem apresentar complicações da
doença e exigir tratamento com outros medicamentos, para as
reações imunológicas. Estas podem continuar
ocorrendo por um tempo após o fim do tratamento para a doença,
porque sao uma espécie de “alergia” do organismo a
restos do bacilo. O tratamento é gratuito e deve ser acessível
nos postos de saúde do SUS.
Nao existe uma vacina específica contra a doença, mas a
prevençao se da pela informaçao generalizada
dos sintomas e sinais da doença, de modo a estimular a
autodetecçao na fase inicial; o exame clínico
periódico das pessoas que conviveram com algum portador da doença
antes do tratamento; e a vacina BCG, indicada nos contatos intradomiciliares
sem presença de sinais e sintomas de hanseníase no momento da
avaliaçao clínica (dermatológica e
neurológica).